7.6.14

sub-scrito

Trabalho pronto! Não deixe de ver:

https://vimeo.com/97566514


17.5.14

Quarto encontro

por Thiago Antunes

A última semana foi um pouco desesperado, admito. Pensamos em entrevistar outros pixadores, mas acreditamos que para o vídeo fazer sentido e ter uma ‘liga’ era necessário que um dos que nos deu entrevista no primeiro dia estivesse presente. A nossa preferência era pelo Nato, pois ele consegue falar melhor em frente a câmera, explicando as questões intrínsecas à eles. Nato entrou em contato comigo no começo desta semana e disse que estaria na roda e traria novidades. Fiquei muito animado, combinei com a Brunna e com o Danilo e fomos na Roda Cultural. Foi ótimo. Conseguimos finalizar a gravação, pegando alguns detalhes que ainda estávamos sentindo falta. Agora iremos trabalhar na edição.

8.5.14

Adrenalina na lata e tinta no sangue

Uma das características mais ressaltadas pelos pixadores que tivemos contato é adrenalina de pixar. Todos eles nos relataram ser uma atividade viciante.

Entre eles as histórias sobre cada pixação são comuns. Dos lugares onde foram, no alto de prédios, vigas de viaduto, becos de favelas, e também das consequências, correr da polícia, de pessoas que não acham interessante ter seus muros e paredes riscados por eles. Mas, como uma famosa frase desse meio diz: "pixo é risco".

E é por risco que eles se sentem estimulados a continuar pixando, nos lugares mais diferentes e perigoso. Para eles, quanto mais difícil for a tela para riscarem, mais gratificante é. 

Percebemos aí que a pixação transcende apenas o fato de gravar sua assinatura com tinta em um muro. É quase um esporte para ele, e um esporte radical. Uma frase dita por um dos entrevistados resume bem a relação subjetiva e emocional que eles nutrem com a pixação: "Tem gente que bebe, tem gente que fuma, eu pixo".

1.5.14

Terceiro dia: furo

Por Thiago Antunes

Na última quarta, voltamos à roda, por termos conseguimos contato com o Nato, nosso principal entrevistado. Apesar de ele ter marcado com a gente, ele não pode aparecer. Assim que chegamos, esperamos um tempo e ligamos para ele. Nato disse estar com a esposa doente e ficou com ela no hospital. Entendemos o ocorrido e aproveitamos para mais uma vez observar um pouco a roda. Vimos outros pixadores no local, mas preferimos continuar com o mesmo grupo do início. Percebemos que eles eram adeptos da prática por estarem ‘marcando presença’ em um caderno, onde todos deixam a sua pixação. 

30.4.14

Terceiro dia na Roda Cultural do Méier

Mantivemos contato com alguns dos pixadores e marcamos com um deles, o Nato, hoje. Chegamos na Roda por volta das 21h, demos uma volta, não o encontramos. Resolvemos ligar e ficamos sabendo que ele não iria nesta quarta-feira, pois, a esposa estava internada.


Foi um pouco frustrante, mas aproveitamos pra estudar a dinâmica da praça e fizemos algumas imagens pro vídeo. Gravamos uma batalha de Mcs e planos gerais da praça e dos frequentadores. 


17.4.14

Segundo dia

por Thiago Antunes

Após o primeiro encontro, resolvemos aparecer na Roda Cultural ontem sem avisar. Apesar de termos trocado o contato, admitimos a falha de não termos pego todos os contatos. Apenas trocamos Facebook e e-mail e disponibilizamos nossos contatos telefônicos. Como chegamos na roda e não conseguimos encontrá-los, aproveitamos para observar a dinâmica do evento. Foi quando confirmamos a pluralidade de jovens que frequentam o local, tendo como interesse comum o hip-hop, arte de rua e skate. A maioria jovem, entre 15 a 25 anos, se concentra em frente a uma pista de Skate com muros completamente pixados e grafitados, enquanto skatistas andam na rampa e pessoas cantam rap. Não tivemos contato com os organizadores do evento, apesar de eles participarem diretamente da roda. 

Segundo dia na Roda Cultural do Méier

Após o encontro da semana passada, que foi bem produtiva, resolvemos aparecer na Roda nesta quarta (ontem), pra continuar a pesquisa com o mesmo grupo. Apesar de termos trocado contato com o pixadores, não marcamos oficialmente o encontro desta semana. Foi um erro, com certeza. Prova disso é que não encontramos nenhum deles na praça.


Aproveitamos o dia para observar a dinâmica da Roda e assistir algumas apresentações de improviso de rap. 

14.4.14

Hip Hop e pixação: do Bronx ao Méier

Talvez uma das coisas mais notáveis no grupo de pixadores que tivemos contato seja a semelhança de estilos. Obviamente, levando em conta que fomos a uma roda de rap encontrá-los, seria de se esperar que eles compartilhassem desse gosto musical.

O que é interessante ver é como a cultura do hip hop se alinha ao modo de vida desses indíviduos, e como ela se relaciona com a pixação. Surgida na década de 70, a subcultura do Hip Hop nasceu nas comunidades de latino americanos, afro-americanos e jamaicanos em Nova York. E um dos elementos que ganha força e se une ao Hip Hop é o graffiti.

Aqui vale ressaltar que apenas no Brasil há a diferenciação entre pixação e graffiti. A pixação, na sua origem, seria um tipo de graffiti identificado como "tag", que na tradução literal do inglês significa etiqueta.

O tag é bastante usado pelas pessoas que se identificam com a cultura hip hop como uma forma de ocupação da rua, local de surgimento dessa cultura. No Brasil, a diferenciação acabou por colocar na marginalidade o tag, que justamente por isso passa a ser cada vez mais admirado como forma de protesto.

Essa ideia é vista até hoje, e a vimos nos depoimentos que coletamos dos pixadores da Roda de Rap do Méier. Do South Bronx até o Méier, a cultura Hip Hop de manteve viva como uma reação, uma expressão. A forma dos seus membros, que historicamente fazem parte das periferias e minorias das grandes metrópoles, dizerem a cidade que existem, e que resistem.

10.4.14

Primeiras impressões da Roda Cultural do Méier

Ontem, fomos na Roda Cultural do Méier, mas antes vale dizer que ficamos cientes de outras rodas que acontecem no subúrbio da cidade. Apesar disso, preferimos optar por estudarmos apenas a do Méier pela facilidade do acesso e a tradição que a roda já tinha.

Assim que chegamos, vimos um espaço público que, diariamente, não é muito utilizado, sendo ocupado por jovens de diferentes classes sociais. Isso já foi um grande ponto positivo que nos fez animar ainda mais para a etnografia. Apesar de antes, termos pensado que seria mais fácil identificar os pixadores, imaginando que o evento concentraria muitos, não foi. Ficamos um tempo na roda, até que avistamos em um lado (ou ao fundo) um grupo de meninos assinando em um caderno. Resolvemos nos aproximar e perguntar se eles tinham visto a postagem que fizemos. Alguns deles achavam que sim, mas explicamos novamente a ideia da etnografia e logo eles toparam participar.

Após conversarmos com eles e eles falarem milhares de coisas. Pedimos para que gravássemos aquilo, assim como contaram para nós. Optamos por colocar todos juntos e alertamos sobre as condições da captação de áudio da câmera. Pedimos para cada um se apresentar e depois levantaríamos questões para quem quisesse comentar, além de eles poderem falar coisas que lembrarem na hora. Deu certo!

Vale comentar que muitos ficaram animados com a possibilidade de aparecer em um 'documentário'. Empolgaram com a ideia de poderem ganhar reconhecimento.

Primeiro dia na Roda Cultural do Méier

Logo que chegamos na "Mini Ramp", onde acontece a Roda Cultural do Méier, encontro que reúne todas às quartas-feiras jovens MCs e interessados em geral em cultura Hip Hop e street art, nos empenhamos em identificar alguns pixadores. A opção pela Roda surgiu por sugestão do grupo "XARPI CACHAMBI", que reúne no facebook amantes de xarpi¹ do bairro, localizado na zona norte do Rio de Janeiro. Não conseguimos marcar oficialmente com nenhum membro do grupo, e resolvemos tentar diretamente na Roda.

Antes de detalhar esse primeiro contato, algumas observações sobre o local e os frequentadores do encontro:

(1) A praça é ocupada por uma mini rampa de skate (daí a identificação do lugar), tem seu muro totalmente tomado por graffites e pixações. Em diversos momentos observamos algumas pessoas "rabiscando" os poucos espaços livres do muro, que recebe constantemente novas assinaturas e desenhos.

(2) Os frequentadores são, em sua maioria, jovens mais ou menos entre 13 e 25 anos. A identificação com a cultura hip-hop passa pela escolha do visual (roupas, cortes de cabelo, adereços) e linguagem (gírias, expressões, códigos).

Chegamos por volta das 20h, e a praça já estava bem movimentada. Os amplificadores já estavam a postos, skatistas na mini rampa, grupos conversando e, para nossa surpresa, alguns estudantes da FACHA também estavam no praça, gravando uma entrevista com um grupo que parecia da organização da Roda. 

Como não conhecíamos ninguém, resolvemos "puxar conversa" com alguns frequentadores, explicar nossa busca e tentar localizar os pixadores. Nos aproximamos de um casal, foram bastante solícitos, mas disseram não conhecer os pixadores da Roda. 

Continuamos observando a praça e vimos uma movimentação diferente na parte mais afastada da mini rampa: vários garotos reunidos, trocando cadernos e rabiscando. Tínhamos que conversar com eles.

Nos aproximamos do grupo e nos apresentamos. Explicamos nossa pesquisa e logo eles se animaram com o projeto. Conversamos informalmente sobre os rolês², há quanto tempo estavam no xarpi, se conheciam o trabalho de pixadores de São Paulo. 

1: xarpi - (palavra utilizada pelos pixadores para designar a pixação (inversão das sílabas de "pixar"). A inversão das palavras é uma característica do xarpi, tanto nas assinaturas quanto na forma dos pixadores se comunicarem.
2: rolê - sair para pixar.


5.4.14

Descobrimos um evento!

A Brunna criou uma apresentação padrão que postamos em alguns grupos no Facebook, assim explicaríamos nossos objetivos e criaríamos um primeiro contato.

"Olá, pessoas! Tudo bem? Sou estudante de comunicação da UFRJ, estou participando de uma pesquisa sobre grupos e tribos urbanas e escolhi a pixação como tema. A ideia é entender o funcionamento do grupo, a relação com a cidade e a expressão de vocês.
O produto final é um vídeo, registrando a rotina e os relatos do grupo. Não divulgaremos nenhuma imagem sem autorização, ninguém precisará aparecer no vídeo, queremos apenas esclarecer o movimento para quem não está familiarizado.
Queria pedir a ajuda de vocês, pra ficar por dentro dos encontros. Quem tiver interesse e disponibilidade para participar da pesquisa, favor entrar em contato por e-mail (bruarakaki@gmail.com) ou por aqui mesmo, inbox.
Valeu!"

Por sorte, não foi diferente. Ficamos logo sabendo de um evento que ocorre todas as quartas no Méier, bairro da Zona Norte do Rio, onde parece concentrar diferentes jovens da área. Iremos na próxima vez já com a câmera para tentarmos captar algumas imagens. Levaremos também algumas perguntas, caso algumas das pessoas que curtiram e comentaram na publicação aceitem falar com a gente e participar da etnografia. 

4.4.14

Por onde começar?

Após a escolha do tema, passamos a buscar, no Facebook, grupos de 'pixadores' ou/e admiradores da prática. Fomos aceitos nos grupos fechados de forma fácil e rápida. Pedimos para entrar ontem e, hoje, já fomos aceitos em alguns. No momento estamos tentando marcar com alguns 'pixadores' pela rede social para algum encontro. Acompanharemos as postagens para entender melhor algumas dinâmicas internas e se há algum evento ou encontro para irmos nos próximos dias.

Os usuários têm, muitas vezes, seus perfis montados em cima do nome utilizado na 'pixação' e as fotos são lugares 'pixados' por eles. A página, portanto, também serve como forma de divulgação de suas marcas, já que os admiradores se encontram ali.

Percebemos que uma das páginas que tinham maior atividade é a chamada "XARPI Cachambi". Iremos continuar acompanhando.

**A utilização de 'Pixação' e 'Xarpi' foi escolhida por mim pra seguir a forma como eles denominam a prática.

31.3.14

Começando

Tínhamos muitas ideias sobre a pesquisa etnográfica e investigamos as possibilidades com vários grupos diferentes. De jovens evangélicos a aplicativos de “bears” (ursos; subcultura das comunidades gay/bissexual masculina). Entendemos que a incursão nesses grupos seria mais complicada; adquirir a confiança necessária para a pesquisa e que a desestigmatização atravessaria, em algum momento, a nossa própria identidade de pesquisadores etnográficos.

A escolha do grupo passou também por nossas experiências particulares e coletivas com a cidade. Compartilhamos o gosto pela cultura hip-hop e as manifestações de street-art. São Paulo, de certa forma, educou meu olhar para as ruas e essas expressões sempre chamaram a minha atenção. O graffitti, mais bem aceito e considerado oficialmente a “arte das ruas” e a pixação, ainda estigmatizada e agressiva ao olhar da maioria das pessoas (e do Estado). 

Nossa curiosidade tendeu para esta segunda manifestação e partimos agora em busca de referencias para a pesquisa.